quinta-feira, 10 de março de 2011

Ganhador do Oscar de filme estrangeiro chega aos cinemas

Ganhador do Oscar e do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, o dinamarquês 'Em um mundo melhor', de Susanne Bier, se insere na tradição dos premiados nessa categoria: pouco reflete sobre o cinema fora dos Estados Unidos, mas muito ressoa junto aos interesses dos norte-americanos.

Cena do filme 'Em um mundo melhor' (Foto: Divulgação/Divulgação)
O dinamarquês 'Em um mundo melhor' levou o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Temas como bullying, sentimento de culpa europeu diante do Terceiro Mundo e famílias problemáticas agradam bem ao gosto dos votantes da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas, que deixam de lado filmes de maior valor artístico, como o argentino 'Abutres' e o tailandês 'Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas', este último ganhador da Palma de Ouro em Cannes 2010.

A diretora dinamarquesa Susanne Bier ('Depois do casamento') volta à sua terra natal depois de uma fraca incursão no cinema norte-americano com 'Coisas que perdemos pelo caminho' (2007). Seu novo trabalho, cujo roteiro é assinado pelo seu colaborador frequente Anders Thomas Jensen, cruza a história de duas famílias consumidas pela culpa e o distanciamento. O longa estreia em São Paulo e Rio de Janeiro nesta sexta-feira (11).

Cena do fime 'Em um mundo melhor' (Foto: Divulgação/Divulgação)
Na trama, garotos se unem após episódio de bullying na escola.

Entre dois mundos
'Em um mundo melhor' faz um paralelo entre dois países: Dinamarca e Quênia. Anton (o sueco Mikael Persbrandt) é um médico dinamarquês que viaja frequentemente à África para cuidar de mulheres que foram brutalmente atacadas por um chefão local. Em casa, ele tenta recuperar o amor de sua mulher, Marianne (Trine Dyrholm), e a confiança do filho, Elias (Markus Rygaard).

A outra família é a de Claus (Ulrich Thomsen), viúvo e pai omisso que volta da Inglaterra para a Dinamarca com o filho pequeno, Christian (William Johnk Nielsen), depois da morte da mãe do menino. A vida dos dois garotos vão se cruzar quando Elias é humilhado por outro menino na escola e Christian decide tomar as dores. A reação é violenta e inesperada, surpreendendo especialmente o pai. O menino revela-se um garoto vingativo, cujo comportamento coloca em risco a vida não apenas do amigo, mas também de desconhecidos.

O retorno de Anton para casa o aproxima do filho, que passa a ver as atitudes do pai com outros olhos -- especialmente influenciado pelas tendências do novo amigo. Elias e Christian passam a resolver qualquer tipo de problema usando violência. No Quênia, há um paralelo das ações do médico e das crianças. Mais tarde, Anton terá a chance de acertar as contas com o chefão da aldeia local, quando este precisa de sua ajuda.

Susanne e seu roteirista armam uma história moralizante cujo questionamento maior é: devemos oferecer a outra face para o inimigo? A resposta, como é de se esperar, não é simples e envolve muita discussão -- mas o filme é um tanto simplista em sua resolução, exagerando nas manipulações emocionais e narrativas. A ideia vendida por 'Em um mundo melhor' é que as pessoas retribuirão, tanto o bem, quanto mal, na mesma moeda. Então, por que não fazer apenas o bem? Num mundo ideal, isso seria perfeito -- mas o nosso está muito longe disso.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb.

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