quarta-feira, 25 de julho de 2007

Peças da Vida, Trunfos no Cinema

A vida pode lhe pregar peças. Aliás, ela adora fazer isso. Ela e Murphy. E claro, os casos mais comuns são os amorosos. Ou vai ver os notamos mais porque eles doem mais. Enfim, continuo achando que o cinema é a imitação da vida. E, quem sabe, essas inúmeras peças que a vida nos prega acabam virando situações de filmes que emocionam quem passou pela mesma situação.

mairasuspiro_pecanavidatrunfonocinema.jpgQuem nunca sofreu com a desconfiança de um chifre? Ou ficou imaginando cenas e situações com o alvo de afetos? Ou sofreu por ser deixado de lado ou quis mudar a realidade para reatar um relacionamento? Ora, se você já teve um relacionamento na vida e se apaixonou de verdade, certamente já passou por alguma dessas situações. E no cinema, a gente pode ver uma “penca” de filmes que trazem essas situações, cada um do seu jeito.

Pensando distraidamente em como vejo no cinema situações parecidas com as que já passei ou vi amigos passando, quis fazer uma lista de filmes que me marcaram por terem colocado na telona algo muito próximo do que eu sentia ou pensava. “Closer” certamente coroa a lista concentrando muitos dos dramas de um relacionamento. “Bem Me Quer, Mal Me Quer” é o ápice da nóia de uma pessoa apaixonada. “O Fantasma da Ópera” chega como clássico da dor de cotovelo. “Brilho Eterno de um Mente Sem Lembranças” entra para liderar os relacionamentos falidos ou perdidos no tempo. E “Vanilla Sky” entra para ilustrar os sonhadores ansiosos por um sonho lúcido.

Closer. Para mim, certamente é um dos filmes que trata a verdade da forma mais nua e crua. Com diálogos claros e sinceros, “Closer” cutucou muita gente que já tenha passado ou levado um par de chifres. Só que mais do que isso, ele cutucou cada um que já sofreu com a insegurança e com o desconhecido. É como se ele explorasse a fragilidade dos relacionamentos e as reviravoltas do mundo. E como se não bastasse, a música-tema do Damien Rice chega como uma cereja.

Bem Me Quer, Mal Me Quer. Tá certo que a protagonista do filme sofria por ser erotomaníaca e nem todo mundo é assim, mas pegando o “feeling” do filme, pensei nesse trabalho da Audrey Tautou para representar aqueles momentos em que você fica divagando, pensando em tudo que a outra pessoa está fazendo, pode vir a fazer ou o que mais der na telha. E mais ainda, em como às vezes viajamos imaginando os significados de pequenos detalhes na expectativa de que eles signifiquem algo bom para nós. No caso do filme, a personagem da Audrey exagera demais na dose, então, não se baseiem nela, por favor.

O Fantasma da Ópera. Peça de teatro clássica que foi refilmada recentemente com o Gerald Butler no papel do Fantasma, arrebata pelas músicas sensacionais e pela história dolorida. Esse aqui é um viva à dor de cotovelo. Representa na lista, o drama dos que foram trocados, deixados de lado, tratados com ingratidão e até mesmo pena. Acho que muita gente sofreu com o Fantasma, cantando com ele e se revoltando a cada situação que desenrola o romance.

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança. Esse até dispensa comentários, certo? Já virou inúmeras comunidades no Orkut e a identificação com os personagens da história foi tanto que muita gente saiu pintando os cabelos “a la Clementine”. Quem não quis, pelo menos uma vez na vida, ter um tratamento daquele? Esquecer a pessoa que nos magoou e apagar todas as lembranças que viriam a nos maltratar nos momentos mais frágeis? E quem não tentou, de todas as forma que pôde, salvar um relacionamento nos seus últimos suspiros? O mundo está cheio de Clementines e Joels…

Vanilla Sky. Esse, para mim, é o golpe de misericórdia. Só por ter Jeff Buckley na trilha cantando “Last Goodbye” enquanto o David Aames está no apartamento da Sofia, pedindo “one kiss” de recompensa e dizendo gostar da vida dela… Cameron Crowe pegou pesado. O filme é cheio de frases lindas, extremamente sensíveis. “Seu sorriso é minha ruína”. “Eu te encontrarei em outra vida, quando ambos seremos gatos”. “O doce nunca é tão doce sem o amargo, e eu conheço o amargo”. Ah, o paradoxo do doce&amargo que virou tema de muita gente… Principalmente porque o amargo é tão mais fácil de achar, né? E os tais sonhos lúcidos? Quem nunca quis ter um, para reviver algo bom que ficou para trás ou para vencer fronteiras do tempo e da distancia? Tudo para ficar com quem se gosta, mesmo que através de uma ilusão.

E esses são apenas alguns filmes. Os mais densos, digamos. Mas vira e mexe a gente vê uma situação em um filme que nos sensibiliza de alguma forma e relembra algo que passou. E o mais intenso nesses cinco filmes é que nenhum deles maqueia a realidade. Todos tem um desfecho que vai contra o clichê “e viveram felizes para sempre”, sem passar a mão na nossa cabeça em forma de consolo.

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