domingo, 20 de dezembro de 2009

G1 elege os destaques - e o mico - de 2009 no cinema

OS DESTAQUES DO ANO


'AVATAR'

Ele entrou na briga só aos 44 minutos do segundo tempo, mas quem conhece James Cameron sabe que o diretor nunca vem para brincar. Doze anos depois de fazer "Titanic", o maior sucesso de bilheterias da história, Cameron volta aos cinemas com uma megaprodução (super é pouco!) que consumiu mais de US$ 230 milhões e levou o cinema 3D e IMAX a um novo patamar de imersão. Como "Matrix" e "Parque dos dinossauros" em seu tempo, as técnicas e equipamentos de filmagens desenvolvidos por Cameron para filmar "Avatar" certamente vão fazer escola. A mensagem não poderia ser mais oportuna: o planeta corre perigo; é melhor fazermos algo logo, antes que tudo o que sobre sejam florestas tropicais em CGI.


'DISTRITO 9'

Um disco voador estaciona sobre os céus da... África do Sul? Fosse só por fugir da rota-clichê das invasões alienígenas no cinema - os Estados Unidos da América - , "Distrito 9" já mereceria nota dez. Mas as boas surpresas do filme não param por aí: depois que a nave dos ETs quebra, as criaturas são confinadas em uma espécie de favelão em Johanesburgo e obrigadas a revirar o lixo para sobreviver e reconstruir a sua nave. E o protagonista não é nenhum Tom Cruise mas o desconhecido Sharlto Copley, no papel de um engenheiro nerd e de moral duvidosa que não tem nada a ver com os heróis hollywoodianos. Apesar do caráter independente da produção, os efeitos especiais são de gente grande e quem assina embaixo o projeto do novato Neil Blomkamp é "só" o diretor de "O senhor dos anéis", Peter Jackson.


‘UP - ALTAS AVENTURAS’
A animação da Pixar se destacou pela forma, ao mesmo tempo, inventiva e delicada com que retratou a aventura de um velhinho de 78 anos que decide viajar dos EUA à América do Sul levando sua casa pendurada em milhares de balões de festa. Dirigido por Pete Docter (de “Monstros S.A.”), o resultado é uma fantasia cheia de charme e lições de vida, com a exuberância visual que já é conhecida do estúdio, ainda mais impressionante na projeção em 3D.

'SE BEBER, NÃO CASE'

Como um filme de baixo orçamento e elenco desconhecido vira um fenômeno de bilheteria e conquista o título de melhor comédia do ano? A resposta está na forma honesta e extremamente engraçada com que o diretor Todd Phillips retrata a alma masculina, por meio de quatro protagonistas autênticos, que conquistam de imediato. Na trama, um grupo de amigos viaja a Las Vegas para uma despedida de solteiro, mas o que era para ser uma noite de diversão vira um verdadeiro tormento depois que um deles some. Risos garantidos para homens e mulheres.


'WATCHMEN'

Alan Moore nunca vai dar o braço a torcer, mas "Watchmen" é certamente a melhor adaptação de suas histórias em quadrinhos para o cinema - as outras foram "V de vingança", "Do inferno" e a sofrível "Liga dos senhores extraordinários". Comandado com fidelidade de fã por Zack Snyder, o filme é uma autêntica declaração de amor à obra original - zelosa não só nos mínimos detalhes dos cenários, enquadramentos e diálogos mas também nas pequenas mudanças de roteiro para que a história, originalmente escrita nos anos de Guerra Fria, não soasse datada demais. Contém cenas de sexo com super-heróis fantasiados e o primeiro nu frontal das adaptações das HQs no cinema.


'500 DIAS COM ELA'

"Esta não é uma história de amor", alerta o narrador logo no início de "500 dias com ela". Com uma trama tão encantadora quanto despretensiosa, o filme mostra o encontro de Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (Zooey Deschanel), que se conhecem no trabalho e passam a namorar. Ele sonhando com um relacionamento firme e duradouro, ela aproveitando o momento, sem pensar no futuro. Sob a direção de Marc Webb, "500 dias com ela" ganha colorido especial - estreante no cinema, mas experiente diretor de videoclipes, Webb criou um visual jovem e pop, levado por uma trilha sonora caprichada, que vai de Regina Spektor a The Smiths, passando por Carla Bruni e Simon & Garfunkel.


'GRAN TORINO'

O filme marca a volta de Clint Eastwood ao ofício de ator, que ele havia abandonado desde "Menina de Ouro", de 2004. No filme, Eastwood repete o que vinha praticando em seus últimos longas: o envolvimento total em todas as etapas. Além de dirigir e protagonizar, ele assina a produção e a trilha sonora, inclusive cantando. Na história, Eastwood vive um solitário veterano de guerra que passa seus dias lamentando as mudanças pelas quais os EUA vêm passando desde os anos 70, o declínio da indústria automobilística e a forte presença de imigrantes. "Gran Torino" tem potencial para agradar ao grande público e vai além, com mensagens inteligentes, crítica e uma visão longe do simplismo frequente de Hollywood.


'É PROIBIDO FUMAR'

Rainha das novelas, Glória Pires mostra versatilidade no cinema ao encarnar uma Bridget Jones da paulicéia nesta comédia romântica marota da diretora Anna Muylaert. Surpreendentemente, ainda forma com o titã-ator Paulo Miklos um casal cheio de bossa. Tony Ramos, se eu fosse você, ficava esperto!


'LÓKI'

Dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, "Lóki" reconta a controversa trajetória de Arnaldo Baptista como líder dos Mutantes e revela o drama enfrentado por ele após uma tentativa de suicídio. Com depoimentos dos antigos parceiros, de amigos,do irmão Sérgio Dias e do próprio músico, o cineasta reconstrói a história de genialidade de Baptista, que fez dos Mutantes um dos grupos mais inovadores da música brasileira, e também sua tumultuada vida pessoal, o relacionamento com Rita Lee, o uso de drogas e a dificuldade para lidar com o sucesso e a fama. O documentário vem até os dias recentes, mostrando como o músico vive, na calmaria de uma casa em Minas Gerais, seu retorno em uma série de shows e como ainda é reconhecido como ídolo por muitos.


'ANTICRISTO'

"Marqueteiro", "misógino", "gênio". Como quase sempre acontece quando lança um de seus filmes, o cineasta dinamarquês Lars von Trier conseguiu despertar reações inflamadas e contraditórias com o seu "Anticristo". Magistralmente fotografado, o filme conta a história de um casal que se refugia em uma cabana na floresta após a perda traumática de um filho. Perturbada, a mãe (Charlotte Gainsbourg) é submetida às provações do marido (Willem Dafoe), psicólogo, na tentativa de superar o ocorrido. Animais que falam, símbolos obscuros e cenas de mutilação genital fizeram com que muita gente saísse indignada das salas de cinema. Incomodar, não deveria ser essa uma das funções da arte?

O MICO DO ANO


'OPERAÇÃO VALQUÍRIA'

Depois do enorme alarde feito pela vinda de Tom Cruise ao Brasil, esperava-se bem mais de seu drama de guerra ‘Operação Valquíria’. Na trama, Cruise vive o oficial nazista Claus von Stauffenberg, responsável pela mais famosa tentativa de matar Adolf Hitler. A superprodução de Bryan Singer tenta reconstituir passo a passo o episódio histórico, mas peca por emendar um clichê no outro e ceder cegamente aos impulsos vaidosos de Cruise, que certamente não são poucos. Um fiasco típico de um astro que parece não aceitar sua própria decadência.

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