sábado, 10 de outubro de 2009

Venda de DVDs cai e provoca crise nos estúdios de Hollywood

Foto: AP/AP
O filme ''Brüno'' foi um dos que decepcionaram na passagem pelos cinemas.

Os estúdios de Hollywood demitem seus diretores em meio a uma crise nervosa causada pelas quedas nas vendas de DVDs, até pouco tempo atrás o salva-vidas financeiro da indústria cinematográfica americana.


Disney, Paramount, Metro-Goldwyn-Mayer e Universal substituíram seus altos executivos nos últimos meses em busca de respostas a um clima de incerteza que pouco tem a ver com prêmios ou tapetes vermelhos.


Durante o primeiro semestre de 2009, as vendas de DVDs caíram 13,5% nos EUA segundo o Digital Entertainment Group, uma queda significativa que confirmou uma tendência de baixa que começou em 2005 e que tem grande impacto nas contas do setor - entre 40% e 70% das receitas de um filme têm origem na venda de DVDs.


Os estúdios contavam com essas vendas para equilibrar seus balanços, mas tiveram que enfrentar as mudanças de hábitos dos espectadores, impulsionadas novas tecnologias, e a situação econômica.


As compras de DVDs estão dando lugar ao aluguel e à aquisição de filmes digitalmente, um sistema mais barato para os usuários e pelo qual as companhias têm quase metade do lucro obtido no formato físico.


Esta realidade acabou com as estimativas de receitas para dez ou 15 anos que os diretores de estúdios manejavam quando previam o resultado de um filme antes de aprovar seu financiamento.


Hoje, ninguém se garante no DVD e as companhias estão cada vez mais impacientes. Nesta semana, foram demitidos dois dos mais altos executivos da Universal Pictures, Marc Shmuger e David Linde, devido ao baixo rendimento das últimas superproduções da empresa.


Títulos como "Brüno", "Intrigas de Estado" e "Duplicidade" decepcionaram em sua passagem pelos cinemas. Com isso, Shmuger e Linde pagaram a conta com seus empregos apesar de terem sido responsáveis pelos dois anos mais rentáveis da história de Universal, 2007 e 2008.


Em setembro, os estúdios Disney demitiram seu presidente Dick Cook, substituído na última segunda-feira por Rich Ross; a Metro-Goldwyn-Mayer mandou o diretor-executivo Harry Sloan embora, e a Paramount Pictures deu o bilhete azul para John Lesher e Brad Weston, encarregados de tomar decisões sobre os projetos cinematográficos.

Mudança de gestão

Para o ex-presidente da Fox Filmed Entertainment, Bill Mechanic, as caras novas não serão suficientes para tirar a indústria do atoleiro no qual se encontra se não vierem acompanhadas por uma mudança de estilo na gestão.


Em seu discurso na conferência anual Independent Film & Television Alliance Production, realizada em Los Angeles no final de setembro, Mechanic previu maus tempos para as grandes companhias de Hollywood se continuarem apostando em uma estratégia baseada em marketing em vez de em bons produtos.


"Na minha opinião, tudo nos próximos anos consistirá em sobreviver", disse Mechanic, que esteve por trás de filmes como "Coração Valente" e "Quem Vai Ficar com Mary?".


"Diria que pelo menos dois grandes estúdios serão vendidos ou fusionados em meados da década que vem", afirmou Mechanic, vítimas de suas enormes estruturas e de sua incapacidade para se adaptar à era digital.


Para Mechanic, "nos últimos anos, ninguém se perguntou como uma queda nas vendas de DVD afetaria os balanços, ou se houve preocupação sobre como impulsionar o Blu-ray, ou se esse iria ser o próximo grande dispositivo para o consumidor".


A boa notícia, diz Mechanic, é que esta crise "limpará o mercado de excessos de produção e daqueles que não encaram o negócio seriamente".

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