A moda deixa as pessoas nervosas no filme “Vogue: a edição de setembro”, de R.J. Cutler. Faz mulheres ricas do ocidente usarem apliques e perucas confeccionados com os cabelos que as indianas doam aos templos, no documentário “Hair India”, de Raffaele Brunetti e Marco Leopardi. Diverte, aproxima as pessoas e abala os padrões em desfiles e performances que deixaram, nos anos 80, a polícia secreta alemã em estado de alerta na produção “Uma moda transgressora”, de Marco Wilms. Muito além do esperado “Coco antes de Chanel”, de Anne Fontaine, o Festival do Rio caprichou nos filmes dedicados à moda oferecendo boas surpresas.
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Comecemos pelos bastidores da “Vogue” americana, acompanhados por R.J. Cutler durante nove meses de filmagem, que culminaram nos 90 minutos do documentário sobre a produção da edição de setembro de 2007, a maior da história da revista, com Sienna Miller na capa, fotografada por Mario Testino, 300 páginas e 2 kg.
Cena de 'Vogue: edição de setembro', documentário sobre a produção da revista.
Diante do minimalismo gélido e certeiro de Anna Wintour, um a um, todos vão caindo. Do estilista Stefano Pilati, de Yves Saint Laurent, que treme nas bases quando a editora secamente observa que faltam cor e vestidos de festa na coleção, a Mario Testino, criticado por Anna por ter produzido pouco material nas fotos de Sienna Miller em Roma.
O filme - que tem duas sessões neste sábado (3), às 13h e às 17h30 no Estação Ipanema - criou polêmica ao mostrar o diálogo de Testino com o diretor de arte sugerindo que a foto da capa fosse manipulada unindo duas fotos de Sienna. Realmente, segundo a própria editora no início do filme, “a moda deixa as pessoas nervosas”. Nervosas e apaixonadas como Grace Coddington, editora criativa da revista e grande revelação do documentário.
Diretora de editoriais que são verdadeiras obras de arte vivas, Grace _ que começou a trabalhar na revista no mesmo dia em que Anna Wintour _ é a única que enfrenta e surpreende a editora. Ex-modelo contemporânea de Twiggy, corajosa, parceira firme e carinhosa das manequins, do fotógrafo, do maquiador e de toda a equipe, Grace é o exemplo de como um editorial de moda pode ser arte coletiva, resultado do empenho de várias pessoas, entre elas as tops brasileiras Raquel Zimmermann e Carol Trentine.
'Uma moda transgressora' mostra bastidores da moda na Alemanha Oriental nos anos 80.
Berlim Oriental: o planeta da moda transgressão
Enquanto na “Vogue”, o clima é tenso, na extinta Berlim Oriental, o povo se diverte lembrando dos desfiles-happening que agitaram a cidade antes da queda da muro na década de 80, no filme “Uma moda transgressora”, de Marco Wilms.
O diretor foi modelo e mostra o encontro da estilista Sabina com o cabelereiro Frank Schafer e o fotógrafo Robert Paris. Os três lembram da animada passarela dos eighties pré-muro, repleta de punks, skinheads e vários outros looks dramáticos e hilários em ombreiras imensas, chapéus e efeitos especiais.
Impagável: o desfile da turma numa praia de nudismo! Imperdível: as imagens do Muro de Berlim na época e as cenas do arquivo da polícia secreta com a prisão dos fashionistas nas ruas. O documentário tem duas sessões neste domingo, às 16h e às 20h, no Cine Glória, além de outras exibições ao longo da semana.
Documentário 'Hair Índia', sobre comércio de cabelos no país.
Tráfico de cabelos na Índia
O filme “Hair Índia” - que tem última sessão neste sábado (3), às 23h30, no Estação Botafogo 3 - revela a estranha conexão entre a menina Gita, que vive em Bengala, e as ricas clientes de um salão de beleza como Sangeeta, editora de uma revista de fofocas em Mumbai, a “Hello”. Convencida pela mãe a doar seus cabelos para o templo para ajudar a família a pagar uma promessa e pedir a operação de olhos de seu irmão mais novo, a menina raspa a cabeça.
Assim como ela várias devotas fazem isso todos os dias. O templo recolhe os cabelos de milhões de fiéis e vende para uma empresa italiana que faz apliques para vender aos salões de beleza de todo o mundo.
Cena do filme 'Coco Chanel e Igor Stravinsky'.
Finalmente Chanel
Além do tão esperado “Coco antes de Chanel”, de Anne Fontaine, com Audrey Tautou, o festival apresenta também o romance entre Chanel e o compositor russo Igor Stravinsky em “Coco Chanel & Igor Stravinsky”, de Jan Kounen, com Mads Mikkelsen, Anna Mouglalis, Elena Morozova e Natacha Lindinger, filme que encerrou este ano o Festival de Cannes. Chanel, feita por Anna Mouglalis, encontra o compositor russo, depois de perder o amor de sua vida, o empresário inglês Boy Capel. O filme passa neste sábado (3), no Estação Ipanema 1, às 15h15 e 19h45.
Os dois se envolvem mas, segundo a biografia de Chanel escrita por Axel Madsen, Chanel não só não se apaixona como abandona Stravinsky trocando-o pelo grão-duque Dmitri Pavlovich, responsável pelo famoso colar de pérolas de Chanel. A estilista chamou essa etapa amorosa de sua vida de “fase eslava”.
Audrey Tatou em cena de 'Coco antes de Chanel'.
“Minha Coco favorita é a jovem, a caprichosa, a rebelde. É nela que penso quando crio minhas coleções”, afirmou o estilista Karl Lagerfeld. É essa Chanel que Audrey Tautou interpreta em "Coco antes de Chanel" (veja trailer acima), contando a história da estilista desde que foi deixada num orfanato junto com a irmão pelo pai até começar a se tornar a revolucionária da moda.
O filme tem duas sessões neste domingo (4), às 14h e às 19h, no Roxy 3. Quem perder poderá ver o filme em outros dias da próxima semana.
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