segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Advogado diz que ainda é cedo para dizer se Polanski será extraditado

O cineasta Roman Polanski, detido neste sábado (26) ao entrar na Suíça por ordem de prisão emitida pelos Estados Unidos há 31 anos, pode ser extraditado. Mas, segundo o advogado do cineasta franco-polonês, Georges Kiejman, "ainda é cedo para dizer".

A detenção, empreendida na noite de sábado, ocorreu por acusações, datadas de 1978, de ter tido relações sexuais com uma menor de idade. Na noite de domingo, o renomado diretor de 76 anos iria receber um prêmio por sua trajetória no Festival de Cinema de Zurique, que exibirá um retrospectiva de sua carreira filmográfica no evento.

Polanski foi preso no final da década de 1970 e acusado de oferecer drogas e álcool a uma adolescente de 13 anos e de fazer sexo com ela em uma sessão fotográfica na casa do ator Jack Nicholson.

À época, o diretor de "Chinatown" e "O bebê de Rosemary" alegou que a menor não era mais virgem e que não fora forçada. Ele passou 42 dias na prisão e saiu do país antes de receber sua sentença. Seu visto aos EUA está suspenso desde então.

A vítima no centro do caso, Samantha Geimer, hoje casada e com filhos, já pediu que as acusações contra o diretor sejam retiradas. Ela diz que a insistência da Justiça para que o cineasta compareça diante de um juiz americano é uma "piada cruel".

O Tribunal Superior de Los Angeles rejeitou em maio, de maneira definitiva, o pedido dos advogados de Polanski para suspender as acusações por abuso sexual.

O juiz Peter Espinoza já tinha rejeitado em fevereiro a solicitação da defesa, ao entender que Polanski tinha de comparecer primeiro perante a corte pessoalmente para responder sobre o ocorrido há mais de 30 anos.

O prêmio de honra pelo conjunto de sua obra que o festival de cinema de Zurique pretendia conceder ao cineasta será entregue a Polanski em uma data ainda a ser determinada.

Foto: AP

Roman Polanski no festival de Turim em 2008.

O governo suíço declarou que Polanski estava em "prisão temporária para extradição", mas acrescentou que ele não seria entregue às autoridades norte-americanas até que todos os procedimentos fossem cumpridos. Caso seja extraditado, o cineasta pode apelar da decisão.

Intervenção

Neste domingo, o ministro de Assuntos Exteriores francês, Bernard Kouchner, interveio perante a ministra de Exteriores suíça, Micheline Calmy-Rey, para pedir que se garanta o respeito dos direitos do diretor.

O Ministério de Exteriores francês publicou uma nota na qual indica que Kouchner falou com Calmy-Rey para expressar "o desejo das autoridades francesas de que os direitos do senhor Polanski sejam plenamente respeitados e que este assunto encontre rapidamente uma saída propícia".

A nota acrescenta que os advogados do diretor de cinema entraram em contato com as autoridades francesas depois da detenção de Polanski.

O ministério francês afirma que o embaixador da França na Suíça e o cônsul geral francês em Zurique entraram em contato com as autoridades suíças para "exercer o mais rapidamente possível o direito de visita consular" ao detido.

O diretor de cinema, que tem nacionalidade francesa, não pode ser extraditado da França, porque este país não tem a obrigação de extraditar seus próprios cidadãos. Paralelamente, as acusações sobre Polanski nos tribunais dos Estados Unidos não são passíveis de tal medida, segundo a legislação francesa.

Procuradoria teria planejado detenção, diz jornal

A Procuradoria do condado Los Angeles, na Califórnia, planejou a detenção de Roman Polanski quando soube que o cineasta iria à Suíça para receber um prêmio, informou neste domingo o "Los Angeles Times".

O jornal citou uma porta-voz da Procuradoria, segundo a qual o órgão judicial enviou uma ordem provisória de detenção ao Departamento de Justiça, que o apresentou às autoridades suíças.

"Em pelo menos duas ocasiões anteriores o escritório da Procuradoria teve informações de que Polanski tinha planos de viagem a países com tratados de extradição com os EUA e preparou os trâmites para a detenção", disse a porta-voz. "Mas, no final, aparentemente ele soube e não viajou", acrescentou.

Oscar à distância

Sem pisar em solo norte-americano desde o incidente, Roman Polanski recebeu à distância o Oscar de Melhor Diretor pelo longa "O pianista", de 2002. Por medo de ser enviado à Justiça dos EUA, o cineasta já evitou, aliás, rodar suas obras no Reino Unido, que assim como a Suíça tem acordos de extradição com os Estados Unidos.

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