segunda-feira, 17 de março de 2008

Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

Direção: Tim Burton.
Elenco/Vozes: Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Jamie Campbell Bower, Alan Rickman, Timothy Spall, Sacha Baron Cohen, Jayne Wisener.

Antes um aviso: se você não suporta musicais, não gosta de filmes sombrios ou não se dá bem com sangue, fique longe de Sweeney Todd. Digo isso porque vi, por cima, uma dúzia de casais se retirando da sala de cinema na estréia. Metade quando notaram que era um musical. Metade quando o sangue começou.

Por outro lado se você no mínimo atura musicais e suportas crueldades e violências, Sweeney Todd será uma das experiências cinematográficas mais maravilhosas deste ano. O musical, que faz jus ao gênero tragédia clássico e tem fortes toques de terror e comédia, é um dos mais originais já vistos, entregando com maestria o que promete. Tudo no filme é feito com perfeição: os cenários, sombrios e bizarros no melhor estilo Tim Burton (Ed Wood, Peixe Grande); o elenco, com nomes de destaque em excelentes atuações; a fotografia, propositalmente acinzentada mas que destaca sempre que possível belíssimas cores; a história, trágica e cruel, mas que prende o interesse por toda sua duração. E o filme não deixa a desejar como musical, mostrando dignas interpretações pra as belíssimas canções da peça da Broadway.

Na história, Benjamin Barker (Johnny Depp, de Piratas do Caribe) é um barbeiro condenado injustamente à prisão por um juiz que planeja tomar sua esposa. Quinze anos depois ele retorna à Londres sob o nome de Sweeney Todd e o motivo claro de se vingar do juiz e externar o ódio que possui por todos daquela cidade. Outros grandes nomes participam do elenco, como Alan Rickman (Harry Potter), em uma interpretação magnífica do juiz Turpin, e Helena Bonham Carter (Noiva Cadáver, Harry Potter), esposa do diretor que interpreta papéis sempre semelhantes, mas convincentes.

Apesar da presença de Johnny Depp, em mais uma excelente atuação, a direção de Tim Burton e os trabalhos técnicos acabam sendo os destaques do filme. Depp faz um ótimo, de fato demoníaco Sweeney Todd, mas é um papel um tanto já visto no cinema, o que acaba diminuindo seu destaque. Por outro lado os magníficos cenários do filme, a direção mais ousada e sofisticada de Burton e a fotografia sombria que procura sempre cores para destacar (oferecendo cenas de tirar o fôlego daqueles que puderam prestar atenção nos detalhes), tornam Sweeney Todd um dos grandes filmes do ano. A montagem e edição de som são também excepcionais, proporcionando cenas fortíssimas e precisamente coordenadas. Misturam-se vozes com navalhas, lenços com espumas de barbear, e no fundo a intenção sempre clara e odiosa de Sweeney Todd. Tudo isso sob um clima sombrio, cruel e sangrento, mas sem deixar de lado a essência do delicado gênero musical, obtendo surpreendentemente sucesso ao manter a história interessante e repleta de belas canções (destaque aqui para o esforço dos atores já que a maioria não havia feito musicais).

Um musical trágico, violento, sombrio, que executa com perfeição todos seus atributos técnicos, exibe um elenco de primeira linha e traz algo a mais do que vemos normalmente no cinema. Acima de tudo um filme com cenas fortes que não serão facilmente esquecidas. Seja pela violência e crueldade mostrada, seja pelas belíssimas cenas de cenários ou cores destacadas (raras vezes vi um mar ou céu tão belo), seja pela trágica história ou pelas intensas canções, Sweeney Todd deixará marcas inesquecíveis.

Nenhum comentário: