sexta-feira, 25 de maio de 2007

Críticas: Piratas do Caribe 3: No Fim do Mundo

Por Zé Maria de Los Angeles:

Depois de longa espera, "Piratas do Caribe 3" chega aos cinemas finalizando a trilogia de aventuras dos piratas mais famosos já vistos nas telonas. Com uma produção respeitável, o filme segue a mesma linha dos outros dois, solucionando as interrogações abertas anteriormente e dando um show de humor e aventura nos sete mares. Puro divertimento. Redondo como proposta de filme, não me arrisco a dizer que ele foi redondo nas expectativas dos fãs.


Política e trapaças. Duas coisas que pintam a cena de "Piratas 3". Tudo com toques de humor e fantasias, o filme oferece um ótimo entretenimento durantes seus 165 minutos de duração. Felizmente, o terceiro não comete os erros tediosos do segundo filme, que passaria tranqüilamente com 20 minutos a menos. A turma de Jack Sparrow (Johnny Depp) volta com tudo e ele, claro, rouba a cena em todas as suas aparições.

Não sou fã do estilo e não falo com a particularidade de quem acompanhou a trilogia com afinco, mas acredito que o filme seja uma boa opção para lazer. Mas ainda arrisco dizer que ele pode ser decepcionante para os fãs fervorosos. Digo isso porque o filme em si não deixa (muito) a desejar, mas por ser a terceira “pérola” de uma trilogia que arrebatou bilheterias, talvez as expectativas sejam maiores que a realização da idéia.

No terceiro filme, encontramos o maquiavélico e baixinho lorde Cutler Beckett (Tom Hollander), da Companhia das Índias Orientais, caçando piratas sem dó nem piedade no controle do assustador "Holandês Voador", o navio que transporta aquela tripulação "molusquenta" liderada por Davy Jones.
O ressuscitado capitão Barbossa (Geoffrey Rush), a bela Elizabeth Swan (Keira Knightley) e perseverante Will Turner (Orlando Bloom) precisam reunir os Nove Lordes da Corte da Irmandade para poderem arquitetar uma derrota contra Beckett. Acontece que o capitão Jack Sparrow é um dos lordes e está preso ao baú de Davy Jones (Bill Nighy). O trio se arrisca, então, numa aventura exótica e perigosa para Cingapura, a fim de conseguir os mapas que os guiarão ao desconhecido. Lá, eles enfrentam o capitão Sao Fend (Chow Yun-Fat), famoso por não ter piedade ou senso de justiça.

Vemos claramente que em “Piratas do Caribe 3: No Fim do Mundo”, temos o aprofundamento e a resolução de todas as histórias propostas nos últimos dois filmes. O romance de Swan com Turner, a história de Davy Jones, a disputa com lorde Beckett, entre outras. E tudo foi encaixado convenientemente e conduzido de forma envolvente. Ma ainda me arrisco a falar que sem a “malemolência” de Sparrow, o filme perderia parte do brilho. Tudo basicamente continua igual. Os personagens continuam com seus estilos e nenhuma grande guinada acontece. Na verdade, as grandes barganhas e tratos emendam e mudam o rumo da historia e há quem fique confuso se dormir no ponto.

A atuação de Depp continua impecável. Apesar das situações perigosas, o personagem não perde o ar inusitado e improvisado. A sua tripulação, desengonçada e fiel, completa o ar divertido que o filme tem. Até o macaquinho e o papagaio influenciam no rumo da pirataria. Mas de longe, Johnny Depp e seu Jack Sparrow deixam qualquer personagem ali no chinelo.

Entretanto, cada um ali teve seu valor. Todos os personagens conseguiram desenvolver um estilo próprio, até mesmo os secundários. Quem conseguiu provar a que veio foi a Keira Knightley, com cenas de tensão, aventura e romance, todas muito bem desenroladas. E Bill Nighy, apesar da fantasia nada humana, conseguiu ganhar seu espaço.

A maquiagem do filme merece destaque, principalmente na criatividade investida para modelar os noves lordes piratas. Todos estão sensacionais e distintos, aproveitando mesmo toda riqueza imaginária ao redor do mundo dos fora-da-lei dos sete mares.

A trilha sonora envolve e cuida das emoções ao longo do filme e os movimentos de câmera melhoram com o passar do filme. As lutas estão mais envolventes e com motivos mais condizentes, sem deixar o espectador naquele espetáculo de espadas e pontapés à toa. Pelo visto, cuidaram melhor do roteiro do filme dessa vez. E olha que o filme começou a ser filmado sem o roteiro estar finalizado... Parece que eles capricharam para dar destaque, na medida do possível, a todos os personagens e se deixaram levar pela trama. A mística Tia Dalma (Naomie Harris), que se revela a deusa Calypso depois, foi muito melhor explorada, e até o almirante James Norrignton (Jack Devenport) reaparece com mais personalidade.

E o último filho da trilogia fecha com chave de ouro: o filme contou com a participação ilustre do rolling stone Keith Richards, que interpreta um tipo de guardião da “bíblia dos piratas”. A apresentação curta do astro é muito bem-vinda e ele não desaponta, ainda mais quando é revelado muito sutilmente que ele é o pai do pirata mais carismático, Jack Sparrow.

O filme diverte, nos poupa do melodrama, dosando devidamente e vale o ingresso. Mas além da terceira edição, não acredito que vá haver pano para mais história da seqüência com o mesmo sucesso. O final abre para isso. Por hora, podemos apenas ir até o “Fim do Mundo” com nossos conhecidos piratas e ter a certeza de uma viagem diferente.

Nota: 9

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